sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Uma dama e o seu talento para emocionar

Há cerca de duas semanas atrás os professores da disciplina de Redação Experimental em Revista nos deram uma atividade: escrever um texto narrativo/descritivo. “Putz!”, eu pensei. “Detesto fazer essas coisas”. Mal sabia eu, que o texto escrito pela amiga, colega de aula e de blog, Elisandra Borba, fosse mexer tanto comigo.

O fato que ela descreve é muito comum para mim. Mas o texto da Elis fez com que eu o visse de outra perspectiva. Me emocionou muito e gostaria de compartilhá-lo com vocês...


Coração de chocolate

O final de tarde parecia típico: Pessoas caminhando apressadas. Algumas rumando aos seus lares, outras começando ali uma nova jornada. A impressão que dava era que cada um preocupava-se apenas consigo mesmo. Os pedestres atravessavam a rua às pressas, antes mesmo do sinal, em forma de bonequinho verde, abrir. Os veículos, sem preocupação alguma, continuavam a acelerar forçando-os a correr.

A Avenida A.J. Renner em Porto Alegre confundia-se facilmente com uma selva onde o mais forte sobrevive. Neste caso o final não foi a morte para os mais fracos, mas a chegada mais tarde em seus destinos.

No ponto de ônibus, esperando a vida passar estava um cachorro vira-lata. O animal de meio-porte era preto e tinha parte de seu couro à mostra, devido à sarna que derrubou seus pelos. Um animal quase invisível para as centenas de pessoas que passavam pelo local.

O cachorro toma um susto ao ouvir o barulho de um balde de água jogado na calçada pelo trabalhador da carrocinha de cachorro-quente estacionada ali. Pelo pulo dado, imaginamos os traumas vividos pelo cachorro naquela selva. Talvez banhos de água fria para espantá-lo enquanto aguardava com esperança as sobras de comida de alguém. Ou quem sabe temporais que passou desabrigado, sem ao menos entender o que acontecia.

Mais do que depressa ele atendeu o chamado da moça loira que com carinho na voz pediu que o bichinho se aproximasse. Sem nenhuma espécie de nojo ou receio pela falta de pelos ela o afagou, conversando com ele como se fosse seu próprio filho.

Natacha pensou duas vezes, com medo que seu gesto prejudicasse o cachorrinho: “vai que ele tem um ataque cardíaco e morre”. O gesto era dar-lhe alguns biscoitos que carregava na bolsa. Com preocupação explicou-me que chocolate às vezes provoca essa reação em cães. Percebendo que o animal estava mais preocupado com a fome que sentia, puxou o pacote de biscoitos recheados. Agachou-se o máximo que pode, para ficar da altura do animal e começou a alimentá-lo. Carinhosamente os biscoitos eram quebrados ao meio e oferecidos na boca do cão, metade por metade.

O ônibus veio, embarcamos e o cachorro ficou. Talvez impressionado porque naquele lugar onde cada um pensa somente em si mesmo, encontrou uma alma que mais do que perceber que ele estava ali, dedicou seu carinho e sua isenção de preconceitos para tornar aquela vida menos triste.

Natacha não salvou o mundo, mas deixou um ser mais feliz. Não é que ela não tivesse pressa de chegar, assim como os outros passantes, mas é que seu coração não é típico, não se compara àquele final de tarde e nem àquelas pessoas correndo para atravessar a rua.

3 comentários:

Juh disse...

Florr
q fofo o textoo
parabéns
bjoks

Andressa Xavier disse...

Adorei o texto e sei o quanto a história é verdadeira.

Juh disse...

Florr
tah rolandu sorteio no meul blog e eu adoraria q vc participasse
bjoks